Bom artigo de Thomas Doran, em The Catholic World Report, sobre a marginalização no mundo atual — do mundo dos negócios às mídias, das artes à indústria editorial — imposta à visão-de-mundo católica, às perspectivas católicas sobre a vida, a moralidade, a cultura.

É impossível imaginar, por exemplo, um católico que não queira esconder suas crenças ser executivo da Disney, dominada pela ideologia de gênero.

Se surgisse, hoje, uma nova Flannery O’Connor, não encontraria uma editora mainstream que lançasse seus livros. Nenhum grande estúdio cinematográfico ousa produzir filmes de diretores católicos.

Jornalistas católicos, se não quiserem perder o emprego, devem ser extremamente cuidadosos nestes tempos quando abordam questões morais como aborto e casamento, pois estão sempre sob a vigilância das milícias da nova cultura.

Não são poucas as empresas que consideram inaceitáveis as crenças católicas, ao mesmo tempo que fazem negócios com torturadores e assassinos do regime chinês.

A discriminação e perseguição contra a perspectiva católica estão na ordem do dia. Mas, para o autor do artigo, nem tudo está perdido. É evidente que, como católico, o autor não podia deixar de dar ênfase à oração, pedindo a conversão dos que estão distantes da verdade, mas é preciso completar essa dimensão com a ação. Acredita ele que o poder econômico dos católicos ainda é muito grande e, se organizado, poderia ter um grande impacto:

“Por exemplo: os católicos deviam considerar seriamente se afastar – parar de comprar, parar de assistir, parar de ler, parar de tirar férias – de programas, filmes, notícias, parques temáticos, empresas, editoras etc., onde exista essa mentalidade de cancelamento a tudo o que é católico. Peguemos o dinheiro que estamos gastando em serviços de streaming, assinaturas de música e livros audíveis, filmes, TV a cabo, vestuário, e o usemos para apoiar instituições e programas abertos a uma perspectiva católica — uma perspectiva que se delicia com a beleza, a alegria, a verdade — ou, pelo menos, a uma perspectiva que respeite as virtudes tradicionais. (…) Empresários e empreendedores católicos devem pensar em investir em negócios, plataformas e fóruns já existentes, ou até novos, mesmo que não sejam explicitamente católicos, mas que acolham as perspectivas católicas e cristãs tradicionais.”

O autor sabe que uma atitude semelhante exigirá muita disciplina e sacrifício, porque muitos de nós já nos tornamos viciados na comida ruim servida pela cultura atual.

A solução não é o trancamento dos católicos em um nicho isolado do restante do mundo. O primeiro passo é despertar os fiéis para essa realidade anticatólica, e quem pode soar a trombeta (de preferência, em linguagem muito direta) são os padres e os leigos que exercem alguma liderança nas comunidades.

Mesmo se dizendo atento às questões ambientais, reconhece que a preocupação com o cancelamento da cultura católica é mais urgente do que a mudança climática, pois tem a ver com a degradação do espírito humano.