[O católico Paolo Gulisano, nascido em Milão em 1959, é médico e professor de História da Medicina, além de escritor de romances e ensaios literários, com mais de quarenta títulos publicados nas últimas duas décadas. Fundou e é vice-presidente da Sociedade Chestertoniana Italiana. Entre suas obras de apologética católica, está o livro A arte de curar: a história da medicina através dos santos, de 2011].
Cloroquina, heparina, cortisona funcionam bem contra Covid, mas têm uma “falha”: são de baixíssimo custo. Eles podem acabar com a festa para quem gostaria de aproveitar a situação de “emergência” para conquistar o mercado farmacológico com os mais novos medicamentos apresentados como panaceia.
Ao longo da história da medicina, as principais emergências de saúde sempre estimularam a pesquisa e os estudos para poder afrontá-las de forma mais eficaz, muitas vezes estimulando a criatividade de médicos e cientistas. Durante a atual epidemia de Covid-19, parece que a pesquisa foi conduzida em uma única direção, uma direção obrigatória: a da vacina. Que, aliás, não é uma cura, mas um método de prevenção, e certamente não o único. A mídia e autoridades governamentais, e a própria OMS, têm focalizado todas as suas atenções na vacina.
Mas, na verdade, temos muitas outras possibilidades de tratamento, agora e já. Possibilidades que foram negadas e dificultadas de todas as formas desde o início, talvez com algumas exceções. Nos primeiros meses da epidemia, ouvimos falar de medicamentos antivirais prodigiosos, talvez de produção chinesa, um país para o qual a OMS (e o governo italiano) olham com extrema simpatia. Mas, na realidade, se a mortalidade em poucos meses foi reduzida em 99,6%, é devido ao uso de medicamentos já conhecidos e de baixíssimo custo.
Graças às valiosas informações fornecidas pelas autópsias (que o governo Conte havia proibido), entendeu-se que a gravidade da infecção da Covid reside nos graves processos inflamatórios que ela desencadeia. Portanto, a doença é controlável, tratável, curável graças aos antiinflamatórios, a começar pela cortisona, que foi recentemente administrada ao presidente Trump. Depois, há a cloroquina, que, como a este jornal havia documentado desde a primavera passada, é uma droga altamente eficaz, mas que tem sido objeto de uma verdadeira campanha de difamação com o objetivo de desacreditá-la. Por fim, outro achado simples, produto da observação clínica e corroborado pelos resultados das autópsias, é o de um tromboembolismo difuso causado pela ação de Covid, que pode ser combatido graças a medicamentos antitrombóticos há muito conhecidos, como a heparina [anticoagulante].
Resumindo: cloroquina, heparina e cortisona funcionam bem, mas talvez tenham um “defeito”: são de baixíssimo custo, exatamente como aqueles suplementos que intervêm nos mecanismos de entrada do vírus nas células e de que também já falou este jornal (v. aqui).
Esses medicamentos de baixo custo poderiam, obviamente, acabar com a festa de quem gostaria de aproveitar a situação de “emergência” (na qual, no imaginário coletivo, a Covid ainda é vista — ou melhor, apresentada pela mídia — como uma espécie de peste bubônica), para conquistar o mercado farmacológico com drogas da mais recente produção, oportunamente apresentada como a panaceia — junto com a vacina — para salvar o mundo.
Resumindo: existe uma “guerra farmacológica” pouco disfarçada. Talvez para mudar a produção e o uso dos remédios. Devido ao lockdown imposto pelo governo, o uso de algumas terapias medicamentosas (principalmente aquelas para doenças assintomáticas e preventivas) foi reduzido, chegando a 40%. Mas também houve forte diminuição (de até 85% em alguns casos) das prescrições para pacientes recém-diagnosticados. Diminuiu-se o uso de terapias para doenças crônicas, para a prevenção de eventos cardiovasculares, fraturas ósseas ou para controlar a progressão da artrite reumatoide. Diversas instituições científicas, inclusive a Associação Nacional de Pacientes Reumáticos, decidiram denunciar a situação e exigir um esforço de prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, ósseas e reumáticas.
É compreensível, pois não existe apenas a Covid. Há uma realidade amplamente negligenciada hoje (e só porque atualmente temos um aumento de testes positivos em pessoas que têm, em média, 22 anos e são assintomáticas), que é a da cronicidade, especialmente nos pacientes de maior risco, que mais correm o risco de serem penalizados por dificuldades de acesso aos cuidados. Quantas serão as mortes por essa forma de déficit de assistência farmacológica? Ninguém vai nos falar sobre isso; não vão entrar nas estatísticas, que aparecem todos os dias e semeiam o terror.
Essas pessoas devem ser salvas. A esses pacientes se deve continuar garantindo os medicamentos necessários e indispensáveis, antes de sonhar com novas e futurísticas terapias antivirais e monoclonais para impedir o avanço do coronavírus, o qual pode ser erradicado com medicamentos conhecidos, confiáveis, eficazes e baratos.
Talvez os negócios sofressem um pouco, mas ganharia a saúde das pessoas.
https://lanuovabq.it/it/covid-la-guerra-ai-farmaci-business-free

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