
Por suas dificuldades no deserto, o coração dos israelitas se endureceu, na Primeira Leitura de hoje. Embora tivessem visto Suas obras poderosas, em sua sede reclamaram e colocaram Deus à prova – uma situação difícil que também é lembrada no Salmo deste domingo.
Jesus, no Evangelho, também tem sede: sede de almas (João 19, 28). E deseja dar à mulher samaritana as águas vivas que jorrarão por toda a eternidade. Tais águas não podiam ser retiradas do poço de Jacó, pai dos israelitas e dos samaritanos, mas Jesus era maior que Jacó (Lucas 11, 31-32).
Os samaritanos eram israelitas que escaparam do exílio, quando a Assíria conquistou o Reino do Norte, oito séculos antes de Cristo (2 Reis 17, 6; 24-41). Foram desprezados pelos judeus por se casarem com não-israelitas e fazerem seus cultos no monte Gerazim, em vez de Jerusalém.
Mas Jesus diz à mulher que estava chegando a “hora” do verdadeiro culto, quando todos adorariam a Deus em Espírito e verdade.
A “hora” de Jesus é o “tempo marcado” de que fala Paulo na Epístola de hoje. É a hora em que a Rocha da nossa salvação é ferida, na Cruz, pela lança do soldado. E águas vivas brotaram de nossa Rocha (João 19, 34-37).
Essas águas são o Espírito Santo (João 7, 38-39), o dom de Deus (Hebreus 6, 4).
Por essas águas vivas, foram purificadas as velhas hostilidades entre samaritanos e judeus, caindo por terra o muro divisor entre Israel e as demais nações (Efésios 2, 12-14, 18). Depois da “hora” do Cristo, todos já podem beber do Espírito por meio do batismo (1 Coríntios 12, 13).
Agora, na Eucaristia de hoje, o Senhor está entre nós, tal como esteve na Rocha de Horeb e no poço de Jacó.
No “hoje” de nossa liturgia, Ele nos convida a acreditar: “Eu sou Aquele que veio”. E que veio para derramar o amor de Deus em nossos corações, por intermédio do Espírito Santo. Como podemos participar de nossos cultos sem compreender tudo isto? Como nosso coração pode permanecer tão endurecido?
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