O recente “motu proprio” Traditionis custodes, publicado pelo Papa Francisco no último dia 16 de julho — curiosamente, no dia de Nossa Senhora do Carmo —, tem a clara finalidade de impedir ou pelo menos frear o progresso do movimento em favor da Missa antiga (o § 6º do documento diz, explicitamente, que o bispo cuide de não autorizar a criação de novos grupos, e frisa que as celebrações permitidas não mais poderão ocorrer em igrejas paroquiais).
O fato é que esse movimento cresce no mundo todo, em especial nos Estados Unidos (não é segredo para ninguém o descontentamento de Francisco com alguns bispos e dioceses americanos). Curiosamente, espantaram-se com o documento até bispos americanos próximos ao papa, sem nenhuma ligação com a Missa antiga, como os cardeais Wilton Gregory e San O’Malley.
Um rápido giro pela internet revela quanto tem sido forte a reação, mundo afora, ao recente “motu próprio”. O cardeal alemão Gerard Müller critica as contradições de Papa Francisco, que é brando com o caminho sinodal alemão (que quer ordenação de mulheres, bênção a casais gays, comunhão aos luteranos), enquanto com o rebanho tradicionalista, não: aqui, bate pesado nas ovelhas.
Cardeal Robert Sarah, que foi prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, tuitou com duas frases de Bento XVI, escritas em 2007, em defesa do rito tradicional. Numa delas, o papa emérito dizia que “O que era sagrado para as gerações anteriores, também permanece sagrado para nós: não pode ser inesperadamente proibido”. Noutra, afirma que É bom, para todos nós, preservar as riquezas que cresceram na fé e na oração da Igreja, e conferindo-lhes o devido lugar”.
Para Dom Athanasius Schneider, o documento poderá provocar a debandada de muitos leigos e padres para a Fraternidade São Pio X, juntando-se aos lefebvrianos.
Os bispos progressistas estão exultantes. O bispo de Puerto Rico, Ángel Ríos Matos, não se fez esperar e já publicou um decreto proibindo a Missa antiga em sua diocese. No Brasil, é legítimo considerar a possibilidade da CNBB tentar influenciar bispos a diminuir o número de celebrações da Missa Tridentina no país.
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