Alguns alemães estão determinados não só a criar um novo cisma na Igreja, mas também a provar que não é verdadeira a merecida reputação de que os alemães são inteligentes.

Refiro-me, hoje, ao reitor da catedral de Münster, que diz que as pessoas estão abandonando a Igreja Católica porque ela não aceita as reformas que ela estão propondo (aceitação da ideologia de género, sacerdócio feminino, intercomunhão com luteranos, entre outras).

Se assim fosse, essas pessoas iriam para a Igreja Luterana, que lhes oferece tudo isso e, além disso, os luteranos não estariam perdendo paroquianos; contudo, a realidade é que os luteranos perdem ainda mais fiéis do que os católicos, pelo que é evidente que a causa da saída de pessoas da Igreja nada tem a ver com a reforma promovida pelos “católicos protestantes”.

Para culminar o disparate antirracional, esta semana um conhecido teólogo alemão disse que quem se opõe ao sacerdócio feminino é racista; esse “brilhante” intelectual acaba de criar uma nova raça, que não é branca, nem negra, nem desta ou daquela nação, mas é simplesmente feminina; para ele, as mulheres constituem uma raça à parte. Repito, alguns alemães estão determinados a acabar com a reputação de inteligência que sempre tiveram.

Mas a verdadeira notícia veio do presidente do Episcopado Alemão, Monsenhor Bätzing. Por um lado, disse que não concorda com a decisão de abençoar casais homossexuais, que terá lugar no dia 10 em várias paróquias alemãs, porque, diz ele, “não é um sinal útil nem um caminho a seguir”.

Mas se, surpreendentemente, se pronunciou contra a “bênção do pecado”, usando o mesmo termo utilizado pela Congregação para a Doutrina da Fé, disse também que, em 15 de Maio, num congresso ecuménico de que participarão milhares de católicos e protestantes, qualquer pessoa que queira poderá receber a comunhão.

Bätzing acha que não seja útil abençoar o pecado, mas acha que é bom cometê-lo. E não apenas qualquer pecado, mas um que é sacrilégio e que ofende diretamente a coisa mais sagrada que nós católicos temos: a presença real de Jesus na Eucaristia. Para ele, a bênção não é algo útil, mas parece que o sacrilégio sim. Não será sempre muito pior cometer um pecado do que abençoá-lo? Estranha reflexão por parte do presidente dos bispos alemães.

Estou certo de que o Vaticano interveio para fazer com que o Bätzing repudiasse suavemente — não houve avisos de sanções canónicas — aqueles que abençoariam as uniões homossexuais. Parece que se alcançou um acordo mínimo. Mas, agora, o Vaticano deve intervir novamente para impedir o sacrilégio de dar comunhão a protestantes. Se isto for feito, não só será um escândalo para milhões de católicos e um imenso descrédito para o Papa, como também ofenderá gravemente o Senhor, pois será feito de forma pública, consentida e até encorajada pela Igreja.

Esta é uma linha vermelha que não pode ser atravessada. Se for cruzada, tudo é possível. Não podemos aceitar que Cristo seja ofendido desta forma. Devemos rezar por uma mudança na decisão dos bispos alemães, e devemos também expressar, pacificamente, mas com a máxima firmeza, a nossa oposição radical à intercomunhão (independentemente da religião a que pertença a pessoa e do estado de graça em que se encontra a sua alma).

Isto não deve acontecer. Caso aconteça, ninguém deve ser surpreendido com as consequências.