Cada pessoa é uma janela ambulante aberta para o infinito.

As almas passam o dia todo debruçadas nas janelas, e olham.

É dali que, durante a maior parte do tempo, escolhem os caminhos de cada minuto ou de toda a vida.

Olham, falam, decidem.

Olham permanentemente, de preferência para o que está mais perto de si. Só fecham as janelas para dormir (e descansar, enfim, de tanto ver o que está mais próximo).

Poucas almas se lembram de que as janelas, sobre as quais se debruçam, foram feitas para abrir-se, de folha em folha, para o infinito e a eternidade.

As almas, porém, estão por demais presas ao círculo imediato da janela.

Acaso as almas estarão míopes?

O infinito e a eternidade continuam lá longe, no horizonte das janelas, à espera de que as almas voltem a preocupar-se com as coisas mais distantes e mais elevadas — razão de ser das almas humanas.