Neste ano de 2021, a CNBB, entidade representativa dos bispos católicos, decidiu terceirizar a “campanha da fraternidade” que realiza todos os anos, na quaresma. Delegou-a a uma outra entidade, o CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil) que alega representar as diversas igrejas e denominações protestantes do país, em nome do ecumenismo cristão.
De fato, é uma organização política. Seu discurso é muito próximo da teologia da libertação católica. Basta entrar em seu site (conic.org.br) para ver as semelhanças entre o pensamento dessa entidade e a CNBB, atualmente bastante infiltrada por militantes esquerdistas absolutamente distantes da doutrina católica.
O número de denominações religiosas filiadas ao CONIC é pequeno: a Igreja Síria Ortodoxa de Antioquia, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Presbiteriana Unida, a Aliança de Batistas do Brasil e, para desgosto de muita gente, a Igreja Católica. Uma boa parte dos evangélicos pentecostais, mais conservadores em questões de moral, não se filiaram a essa entidade, em mais uma prova de que ela nada tem de ecumênico.
Frise-se que o CONIC é, por sua vez, filiado ao Conselho Mundial das Igrejas (CMI), uma organização ecumênica internacional que já foi acusada de promover a disseminação da “teologia da libertação” nos meios protestantes (acusação que partiu de um ex-membro da KGB soviética, o general romeno dissidente Ion Pacepa, que atualmente vive nos EUA).
Enfim, a “teologia da libertação” não ficou restrita à Igreja Católica. Na verdade, o CONIC é uma organização a serviço do esquerdismo mais radical. Está preocupado com o crescimento da militância conservadora no país, tanto de evangélicos quanto de católicos; é adepto do ambientalismo panteísta da ONU, defende a ideologia de gênero e a descriminalização do aborto.
O CONIC tem atualmente em comum com a CNBB o descontentamento com o governo Bolsonaro. A presidência da CNBB deixou bem claro, já em 2020, a sua postura de oposição ao atual inquilino do Palácio da Alvorada: uma oposição com os mesmos ingredientes encontráveis em programas de partidos de extrema esquerda, o Supremo Tribunal Federal, a grande mídia e a maior parte do meio acadêmico. O que parece ser uma campanha da fraternidade para arrecadar fundos caritativos e defender o bem comum, é no fundo parte de uma estratégia mais ampla com objetivos políticos.
Quem duvidar, acesse pela internet o documento redigido pela parceria CONIC/CNBB para a atual campanha da fraternidade e verá um verdadeiro manifesto político de extrema-esquerda, que poderia ser assinado por qualquer dos partidos que compõe esse espectro político.
Uma nota divulgada pela CNBB, a propósito da polêmica provocada por esse texto, mais confunde que esclarece as coisas. O atual presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, admite que há no documento o predomínio de uma “linguagem não católica”, forma eufemística e abrandada para “pensamento não católico”. Só não respondeu por que a entidade que representa decidiu, mesmo assim, subscrever um documento que contraria a doutrina da Igreja.
Alguns padres e bispos católicos já reagiram ao infeliz documento, sabendo que o cristão não pode aliar-se a instituições que contrariem, em seu conjunto, verdades morais ensinadas pela Igreja. Dom Fernando Guimarães (Arcebispo do Ordinário Militar do Brasil), enviou uma carta ao presidente da CNBB para lembrar-lhe o tempo da Quaresma não é hora para dialogar sobre assuntos polêmicos e contrários à autêntica doutrina católica. Avisou, também, que seus capelães militares não utilizarão o material da campanha da fraternidade deste ano, e o valor da coleta será destinado aos pobres.
Outra autoridade da Igreja que reagiu a essa campanha da fraternidade ideológica foi o corajoso Dom Adair José Guimarães, bispo de Formosa, Goiás. Convidou os católicos a manter o foco em Cristo, em vez de se preocupar com a campanha da fraternidade: “Esquece isso. Isso não tem a menor importância para nós. Ele basta, o Cristo”. (…) “aqueles que querem velejar contra a doutrina da Igreja não terão as suas empreitadas bem-sucedidas” (…) “Quem está fora do rumo, quem não segue a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério Ordinário da Igreja bate com a cabeça no muro, como tem batido a Teologia da Libertação, que não tem dado frutos”.
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