A acusação de “teórico da conspiração” tornou-se, em particular graças à crise sanitária e às eleições americanas, o mais recente “argumento” da moda para desqualificar o discurso politicamente incorreto.
É preciso dizer que a acusação de “fascismo” ou “nazismo”, à força de ser repetida continuamente por décadas, começou a perder a eficácia — embora ainda preste serviços inegáveis à oligarquia.
Mas voltemos à teoria da conspiração. Quando as pessoas me perguntam se sou um “complotista”, minhas raízes normandas me levam a responder em dialeto: “Pode ser que sim, pode ser que não; depende do complô”.
Há complôs em que eu dificilmente acredito. Por outro lado, estou certo de que complôs existiram e ainda existem: é tão antigo quanto o próprio mundo e qualquer centro de poder provoca irresistivelmente uma boa intriga.
Além disso, é bastante curioso que se admitam sem dificuldade os complôs de outrora, mas se soltem gritos de espanto quando o assunto são os complôs contemporâneos.
Embora seja fácil falar no caso dos venenos dos quais a corte de Luís XIV foi palco, por que seria escandaloso questionar sobre conspirações na corte de “Júpiter”?
No entanto, por definição, falar sobre um complô é sempre muito complicado, pois uma dimensão importante da trama permanece oculta do público em geral. Pelo menos, podemos ver os efeitos públicos de tais segredinhos (acrescentando que não acredito muito em coincidências). Dessa forma, parece-me difícil duvidar de que a última eleição presidencial francesa foi palco de travessuras para derrubar François Fillon e eleger Emmanuel Macron.
O que, porém, nem sempre me convence, no “complotismo”, é esse viés ideológico que consiste em supor que tudo foi escrito em um plano perfeitamente racional, o que é fazer pouco caso das rivalidades existentes nos círculos de poder e a natureza frequentemente imprevisível das decisões humanas.
Para dar um exemplo, é bem sabido que, entre os círculos discretos em torno do poder, a Maçonaria gosta de encorajar uma série de transgressões “sociais”. No entanto, em 2011, testemunhei com meus próprios olhos um apelo maçônico para impedir o voto do Senado pelo direito à pesquisa com embriões: um senador, notoriamente a favor da pesquisa com embrião, foi “convidado” a ir tomar um café no momento fatídico. Obviamente, suas amizades políticas tinham, desta vez, vencido suas convicções ideológicas.
Da mesma forma, devemos levar em conta a “universal conspiração da estupidez”: é vão buscar procurar decisões racionais em tudo e, portanto, a fortiori, um plano sofisticado escrito com bastante antecedência.
Em suma, não tenho dificuldade em acreditar na existência de conspirações. Mas também não acho que elas devam ser vistas em tudo quanto é lugar — o que me faz lembrar daquilo que um de meus professores, certa vez, chamou de “teorema do gato invisível” (a prova de que ele existe, é que ele não pode ser visto!).
Eu realmente não gosto de lutar contra moinhos de vento e tenho feito o suficiente para resistir aos “complôs”, cujos atores falam com seus rostos descobertos. Assim, quando o fundador do Fórum de Davos, o Sr. Schwab, explica, em um livro amplamente lido, o que ele se propõe a fazer com a crise sanitária e redefinir a humanidade (nada menos que isto!), denunciar seus projetos talvez seja visto como “teoria da conspiração”, segundo os cânones da mídia, mas acima de tudo acredito que se trate do confronto de duas visões inconciliáveis do homem e da sociedade!
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