Ambientalismo e globalismo, conforme 12º Relatório do Observatório Cardeal Van Thuân recém publicado pelas edições Cantagalli (Siena, 256 p.), são as duas ideologias mais perigosas do momento, tanto mais porque convergem a um mesmo ponto e fazem parte de um único plano político mundial. Talvez nunca um Relatório tenha sido tão oportuno, surgindo para tratar de um assunto de viva atualidade, justamente quando a realização do projeto está em um estágio avançado e preocupante. Todo mundo vê, mas nem todo mundo o compreende: o Relatório serve para documentar, informar e mobilizar a resistência.

O ambientalismo de hoje é uma grande bolha ideológica. Incubado por décadas, ele agora atingiu um estágio programadamente bem difundido. A ideia básica é que o meio ambiente está enfermo e a principal causa da doença é o homem. Até a Covid, que nada tem a ver com o meio ambiente, tem sido proposta como um sintoma da gravidade do mal que afeta o planeta. Estamos próximos da catástrofe: a mensagem vem não só e não tanto de Greta Thunberg, diante da qual parlamentos inteiros e organizações internacionais se prostraram, mas de agências da ONU, centros de pesquisa alinhados, grandes fundações, a mídia de todo o mundo e pelos formadores de opinião do sistema. Enfrentaremos um aquecimento global devastador causado por nossas emissões de dióxido de carbono, seremos oprimidos por catástrofes climáticas e teremos que nos familiarizar com pandemias recorrentes. Os recursos não renováveis se esgotarão, é urgente fortalecer os renováveis ​​e sustentáveis, ​​e dar vida a uma “economia verde” baseada na circularidade, na sustentabilidade, no equilíbrio com a natureza e em relações humanas sóbrias e solidárias.

Essa nova ordem ambientalista, entretanto, torna-se imediatamente política. Devemos todos trabalhar juntos, como a Covid nos teria ensinado, e superar as barreiras das identidades, dos confinamentos e dos muros. Precisamos chegar a uma sociedade aberta e global, com um governo mundial, capaz de enfrentar ameaças igualmente globais ao meio ambiente que, consequentemente, também ameaçam a convivência solidária entre os homens.

Um globalismo político, entretanto, seria impossível sem uma sociedade global, culturalmente homogeneizada a partir de uma ética humanitária, com uns poucos e genéricos princípios morais vagamente humanistas, com uma religião universal sem dogmas e doutrinas definidas. A ética natural e a doutrina católica devem ser simplificadas no diálogo inter-religioso universalizado, em vista de uma sociedade multiétnica e multirreligiosa, implementada também por meio da imigração. Assim, ambientalismo e globalismo estão ligados em um único projeto político universal. As forças que buscam atingi-lo já estão em ação e sua realização está em um estágio francamente avançado.

A  este projeto realmente inquietador não falta o apoio da própria Igreja Católica, decididamente orientada no mesmo caminho da ONU e das forças económicas, sociais e políticas que cultuam o meio-ambiente, iludem com soluções utópicas para as desigualdades económicas, propõem uma fraternidade universal epidérmica e tem em vista um programa educacional planetário, coletivista e uniformizante.

O Relatório, que chega na hora certa, focaliza tais teses uma a uma, apresenta-as sinteticamente e as desmonta: o quadro apresentado não se sustenta, os dados se deformam instrumentalmente, a realidade aparece mistificada. O Relatório é um verdadeiro manual de contra-informação e contraposição ao novo regime que pretendem nos impor. Os sete ensaios autorais, e as quinze crônicas de diferentes áreas do planeta, desconstroem a fábula que nos é contada e nos trazem de volta à realidade. As coisas são bem diferentes das que nos são contadas.

Riccardo Cascioli explica que a atual ênfase na “sustentabilidade”, o carro-chefe do ambientalismo dominante, tem origens eugenistas, pois considera o homem o predador de uma natureza originalmente equilibrada e cuja presença deve ser reduzida.

Luis Carlos Molion ilustra como o aquecimento global, sob nenhum ponto de vista, é produzido pelo homem, esvaziando assim, com dados em mãos, uma gigantesca mentira que foi introduzida no sentimento coletivo através de uma desinformação sistemática (que só pode ter sido planejada).

Gianfranco Battisti demonstra que a tese do esgotamento dos recursos petrolíferos é absolutamente insustentável, por um motivo em particular: ninguém conhece os dados a esse respeito, pois as estimativas estão viciadas desde o início pelos interesses das multinacionais de energia.

Domenico Airoma e Antonio Casciano denunciam o “programa verde” da União Europeia, que pretende eliminar até 2050 os gases de efeito-estufa liberados na atmosfera. Este programa, para nossos autores, teria “pouca ciência, muita ideologia, muito dirigismo normativo”.

Dom Mauro Gagliardi reconstrói corretamente a visão católica da criação e a depura das sobreposições ideológicas surgidas em função do novo ambientalismo.

Mario Giaccio abre uma porta que queremos manter hermeticamente fechada: a da especulação financeira sobre as cotas de emissão entre os países europeus. A “green economy” não tem nenhuma virgindade da qual se vangloriar, pois se baseia na especulação financeira e na própria economia que pretende combater.

Por fim, Gaetano Quagliariello, com uma argumentação basicamente política, diz por que e como a emergência ecologista é o caminho para uma nova ordem mundial e de que ordem (infelizmente) se trata.

Nesse opressivo sistema de desinformação que nos cerca, e nos faz ver o que não é, e desejar o que não nos convém, era necessária a lufada de ar fresco deste XII Relatório do Observatório Van Thuân.

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