Se Abadom, o demônio destruidor do Apocalipse, não acabar logo com o mundo em que vivemos, ainda se verá a tecnologia imitar perfeitamente o complexo útero materno e criar a chocadeira humana, com todas as condições para a gestação de seres parecidos conosco. É um sonho que já vem de longe, do século XIX positivista, e que o escritor Aldous Huxley já previu, nos anos trinta, em seu romance Admirável mundo novo.

Pois é. Se o mundo não acabar bem depressa, ainda veremos um aparelho desses funcionando nalgum lugar da China, do Japão ou dos Estados Unidos, oferecendo bebês de todos os tipos e cores, em suaves prestações mensais. Em setembro deste fatídico ano de 2020 já tivemos em Paris, no certo centro comercial chamado Espaço Champerret, uma pequena amostra do que será um shopping de bebês humanos.

Quais as utilidades de um útero artificial? Será capaz de gestar embriões, otimamente fecundados em laboratório, sem a ultrajante necessidade de barrigas de aluguel.

Casais formados por pessoas do mesmo sexo poderão ter o seu filho único com mais objetividade, sem a mediação humana de tais barrigas de aluguel.

Poderá poupar as mulheres de sofrer nove meses de gestação natural, com todas as inconveniências estéticas que a maternidade pode trazer ao corpo feminino.

Abre a possibilidade do Estado (certamente um Estado mundial) produzir, ele próprio, os recursos humanos de que necessitará para o seu funcionamento e manutenção.

Todos os caprichos e desejos dos clientes poderão ser satisfeitos, pelo menos num primeiro momento dessa brincadeira tecnológica e transhumanista. Mas é quase certo que, numa etapa seguinte desse futuro macabro, os nascimentos serão regulados com maior “racionalidade”, segundo as normas rígidas do mega Estado planetário.

Experiências com útero artificial já têm sido feitas, nas últimas décadas, mas ainda esbarram nas limitações impostas pela legislação atual, ainda muito marcada por esse tal de cristianismo que, mesmo moribundo, ainda atrapalha bastante o avanço da ciência…

Uma boa estratégia para quebrar as atuais barreiras éticas é começar com a desculpa de que o invento tem um belo propósito humanitário: criar condições para levar adiante gestações naturais ameaçadas.

Depois… Bem, depois é o futuro. Isto é, se Deus permitir esse futuro. Pessoalmente, não acredito que permita. O Criador ama pessoas livres, e as criou para a liberdade de escolha. Quando isso não for mais possível, o Justo Juiz apitará o final do jogo.