Em meio ao drama mundial do coronavírus, uma novela de suspense se desenrola nos bastidores da pandemia: é a possibilidade de salvarem-se milhares de vidas com a combinação de dois medicamentos baratos (a dupla hidroxicloroquina & azitromicina), utilizados cautelosamente no início da doença. O assunto é polêmico. Enquanto cientistas apontam falhas metodológicas nas publicações a respeito, médicos corajosos avançam pela contramão, utilizando sua liberdade de prescrever sem seguir as recomendações das autoridades sanitárias. É o caso de dr. Didier Raoult, médico e infectologista francês, que se apoia em Hipócrates: o médico deve fazer o melhor, segundo o seu conhecimento e o estado atual da ciência.
O REMÉDIO QUE PODE REMEDIAR… Dr. Didier Raoult, da Universidade de Marselha, é autoridade mundial no terreno da microbiologia. Sob forte oposição da comunidade médica francesa e da indústria farmacêutica, defende desde o início da pandemia o uso combinado de dois medicamentos contra o coronavírus: hidroxicloroquina e azitromicina. Em entrevista ao jornal francês “Le Parisien” (22 de março), disse o seguinte: “O problema neste país é que as pessoas que falam são de uma ignorância grosseira. Eu fiz um estudo científico sobre a cloroquina e os vírus, publicado há treze anos. Desde então, outros quatro estudos de outros autores mostraram que o coronavírus é sensível à cloroquina. Isso não é novidade. É inacreditável como o círculo de tomadores de decisão está desinformado sobre o estado atual da ciência. Já sabíamos da eficácia potencial da cloroquina sobre os modelos de cultura viral. Sabíamos que era um antiviral eficaz. Em nossos experimentos, decidimos adicionar um tratamento com azitromicina (um antibiótico contra pneumonia bacteriana) para evitar infecções secundárias por bactérias. Quando se associa a azitromicina à hidroxicloroquina, os resultados foram espetaculares em pacientes com Covid-19.”
O NOVO TRATAMENTO CHEGA AO BRASIL. Há um cientista paulista que concorda plenamente com dr. Didier Raoult: Paolo Zanotto, professor da USP com doutorado em Virologia pela Universidade de Oxford. Ele sustenta que uso da hidroxicloroquina (com azitromicina) é o método mais eficaz para “salvar milhares de vidas e evitar uma tragédia histórica”. Zanotto fez parte do grupo de pesquisadores que elaborou um protocolo de tratamento que já está sendo adotado por alguns hospitais de São Paulo, como a Santa Casa, o Albert Einstein, o Sancta Maggiore, e já começa a interessar hospitais do interior. Segundo o virólogo, a cloroquina deve ser ministrada no início da doença, entre o 2º e o 4º dia do aparecimento dos primeiros sintomas, como febre, tosse, coriza e respiração superior a 22 vezes por minuto. A vantagem desse tratamento é que as pessoas podem usar o medicamento na própria casa, desafogando os hospitais. “Não faz sentido dar o remédio apenas a pacientes que se encontram na fase avançada da doença”, afirmou. O governo federal também aderiu à mesma dupla de remédios, mas não se sabe se com o mesmo protocolo de tratamento.
UMA EXPERIÊNCIA AMERICANA. Antes disso, porém, o médico judeu-americano Vladimir Zelenko já tinha usado essa combinação de remédios proposta pelo cientista francês Didier Raoult (à qual acrescentou o zinco, baseado em recente estudo sul-coreano); garante ter obtido 100% de cura. O presidente Trump interessou-se e adotou o seu protocolo de tratamento (que já encontra, porém, grande oposição de cientistas e políticos). Seu método de tratamento também visa frear a doença no início dos sintomas, impedindo a hospitalização do paciente. Dr. Zelenko garante, para a tristeza da indústria farmacêutica, que com vinte dólares o paciente está curado. Em breve, a humanidade saberá se tais medicamentos vão funcionar ou não. Esperemos que sim, procurando aprender com países que têm enfrentado melhor a pandemia: europeus do Leste, coreanos do sul, taiwaneses e japoneses.
UM DIFÍCIL EQUILÍBRIO. Enquanto isso, o Brasil vai tentando conciliar, ao mesmo tempo, três coisas quase inconciliáveis. Primeiro, impedir o crescimento do número de infectados, orientando as pessoas (ou até forçando-as) a praticar com rigor o distanciamento e, nalguns casos, o isolamento social. Dessa medida dependerá o sucesso da segunda: manter os hospitais em condições de atender os doentes, que precisarão de leitos, médicos, enfermeiros, remédios, respiradores mecânicos. Contudo, o sucesso dessas duas coisas não se dará no espaço sideral, mas em nosso mundo concreto. Distanciamento e isolamento social significam lojas e empresas fechadas, serviços interrompidos, escolas sem aula. Como satisfazer equilibradamente essas três necessidades? A resposta será dos administradores públicos, assessorados por seus colaboradores sanitários, pelo bom senso e, se forem cristãos, pela oração.
Você precisa fazer login para comentar.