[Já faz um ano que o arcebispo Carlo Maria Viganò deu o seu testemunho, alegando que o Vaticano sabia das acusações contra o então cardeal McCarrick, que ele havia sido disciplinado por Bento XVI, e o Papa Francisco, longe de agir, colocou o pedófilo a seu serviço. Robert Moynihan, do site Inside the Vatican, esteve com Viganò há um mês, no local desconhecido em que está refugiado].
“Não temos aqui cidade permanente, mas vamos em busca da futura.” (Hebreus, 13, 14)
Hoje, depois de uma longa viagem, encontrei o arcebispo Carlo Maria Viganò em um lugar tranquilo. Nos cumprimentamos com alegria e perguntei-lhe sobre o ano que passou.
“Foi melhor do que mereço”, respondeu Viganò, rindo, acrescentando com um sorriso: “O cardeal Deskur costumava responder dessa maneira.”
“Então foi bom?”, perguntei.
“Estou bem, sim, graças a Deus”, disse Viganò. “Tenho recebido visita de vários amigos e o Senhor me deu boa saúde para poder continuar minha missão.”
“Há quase um ano que você não é mais visto…”, disse-lhe. “Está escondido?”
“Tento viver em silêncio”, disse Viganò, “evitando o barulho do mundo”.
“O que você diria àqueles que se perguntam onde você está e se está seguro?”
“Eu diria a eles que nós, sacerdotes e bispos, somos apenas humanos, com muitas deficiências, enquanto tentamos cumprir nosso dever de representar Cristo”.
“Qual é a sua oração mais íntima?”, perguntei-lhe.
“Minha oração mais íntima”, disse-me Viganò, “é esta: Vinde, Senhor Jesus”.
Viganò de repente ficou em silêncio, como se tomado por uma emoção inesperada. Sua expressão mudou. Seus olhos brilhavam, como se começasse a lacrimejar.”
“Você parece sufocado por muitos pensamentos”, disse-lhe, tentando ser útil.
Viganò respirou fundo e começou a falar:
“A lembrança é, certamente, um dos principais dons que recebemos do Senhor”, disse ele. “Isso nos torna capazes de fixar na mente as mais belas experiências que vivemos. Quanto a mim, com certeza, minha memória está me ajudando. Uma das primeiras lembranças que tenho, foi a de haver sido carregado nos braços de minha mãe, quando tinha cerca de dois anos, em um abrigo antiaéreo durante o bombardeio de Milão, na segunda guerra mundial. Havia uma pequena imagem de Nossa Senhora, iluminada uma lâmpada, e começamos a rezar o rosário com todos os meus irmãos. Essa profunda e emocionante lembrança de Maria deixou marcas durante toda a minha vida. Lembro-me de que naqueles anos rezávamos o rosário todas as noites depois do jantar, todos juntos; meu pai acabava de voltar de seu serviço e podia rezar conosco, pegando no colo aqueles que começavam a dormir. Lembro-me de como era belo rezar junto a Nossa Senhora, Nossa Mãe. Estar nos braços da minha mãe e rezar, protegido por ela. Por isso é que digo: a devoção a Nossa Senhora sempre me tranquilizou, continuamente, desde o início “. (Segunda-feira, 29 de julho de 2019)
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