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~ Cultura católica em tempos pós-cristãos

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Arquivos Diários: 20 20+00:00 fevereiro 20+00:00 2017

Virtudes Esquecidas

20 segunda-feira fev 2017

Posted by acassiodoro in Sem categoria

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cardinal

Os males de nosso tempo são muitos e variados. Nossos valores tradicionais estão derretendo a olhos vistos. O que antes era o certo, hoje parecer ser o errado e vice-versa, o que antes era errado hoje parece o certo. De forma geral, nossa sociedade parece, cada vez mais, estar de cabeça para baixo.

Porque estamos nesta situação? O que deu errado com este país tão grande e tão rico?

Porque não conseguimos superar este estado calamitoso de coisas?

As respostas são muitas e variadas. Mas para mim uma, em particular, está na raiz do problema.  Estamos deixando de viver uma vida virtuosa. Cada um de nós, aos poucos, estamos perdendo a noção do que é virtuoso, do que é o bem e de como devemos viver.

Na realidade não se fala mais em virtudes. Falamos e ouvimos falar muito dos pecados que cometemos todos os dias, mas não sabemos mais o que é a virtude. Não sabemos mais que a virtude é o contrário do pecado. Não somos mais ensinados, nem pela família, nem pela escola, nem pelas religiões, sobre a virtude. Como resultado, cada vez menos os hábitos virtuosos são praticados.

Mas o que é a virtude?

A virtude é a orientação para o bem; a orientação para a prática das boas ações. A orientação geral que deveria nos mover, que deveria nos orientar pela vida.

Estamos deixando de ser virtuosos e nos transformando apenas em pecadores, apenas em pessoas sem qualidades morais, sem valores verdadeiros, orientados apenas por desejos egocêntricos.

Não sabemos mais distinguir o que é o vício e  pecado, daquilo que é a virtude e a justiça. Vivemos em confusão, perdidos num mundo que às vezes parece sucumbir diante de tanta iniquidade. Viver bem e melhor significa, antes de tudo, viver virtuosamente.

Mas quais são estas virtudes abandonadas, esquecidas e que tanto falta nos faz?

São poucas:

Coragem, Verdade, Honra, Fidelidade ou Lealdada, Disciplina, Hospitalidade, Perseverança, Laboriosidade e Independência.

Segundo Santo Tomas de Aquino as virtudes são sete.

Três delas são as chamadas Virtudes Teologais, aquelas que vem diretamente de Deus:

Fé, Esperança, Caridade ou Amor

Quatro são humanas, aquelas que devem ser buscadas constantemente para a perfeição humana:

Prudência – disposição para identificar o bem e agir em sua função. É a virtude mãe.

Justiça – vontade de dar aos outros o que lhes é devido.

Fortaleza – firmeza na dificuldade e constância na procura do bem.

Equilibrio – moderação no uso dos recursos colocados ao nosso dispor.

Estas virtudes, como se observa, constituem exatamente o lado humano de nossa existência, o sal da terra como diriam os sábios, aquelas razões intrínsecas que poderiam melhorar e dar sentido ao nosso viver nestes tempos de caos e dor.

(Postado originalmente no blog Paralaxes)

São Bento e a fundação do Ocidente

20 segunda-feira fev 2017

Posted by José Carlos Zamboni in Sem categoria

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abadia

Havia, à época de São Bento, duas formas de praticar-se a solidão monástica: a eremítica e a cenobítica. São Bento, nascido de família nobre quase quinhentos anos depois de Cristo, em pequena cidade perto de Roma, teve uma educação bem cuidada. Ainda jovem, sentiu o chamado para a vida eremítica, própria dos que se isolam em lugares desertos, rezando e fazendo penitência. Fez-se monge eremita, não demorando porém a perceber, por inspiração divina, que seu caminho era outro: a vida comunitária (ou cenobítica). Essa troca foi fundamental para a vida de todos nós, como veremos a seguir.

São Bento, a partir de então, dedicará toda a sua vida a fundar mosteiros, a começar pela grande Abadia de Monte Cassino. Funcionavam regidos por um estatuto que ele mesmo redigiu, conhecido como “Regra de São Bento”, que delimitava os princípios da vida e da espiritualidade beneditina, cuja base era deixar sempre Cristo em primeiro lugar (Christo nihil praeponere). A comunidade beneditina tinha como propósito fundamental conduzir seus membros à união íntima com Deus, pela prática da oração e a conquista da vida virtuosa, sem desprezo, porém, pelo trabalho material e intelectual. Sua filosofia está condensada em sentença que ficou famosa: “Ora et labora” (Reza e trabalha).

Um monge que vive em comunidade deveria dosar, obviamente, solidão e convivência. A razão do sucesso da ordem religiosa fundada por São Bento estava justamente na integração de valores aparentemente discordantes, como o isolamento e a comunidade, o trabalho e a oração, vida prática e vida contemplativa, razão e ação.

São Bento viveu à época da queda do Império Romano, quando o mundo civilizado corria o sério risco de desaparecer e viver sob a mais completa barbárie. De fato, algo mais ou menos parecido ocorreu na História: os povos bárbaros, entre os séculos VI e VIII, passavam sobre o Ocidente como uma máquina de rolo compressor, destruindo o grande patrimônio cultural que gregos e latinos tinham legado à humanidade: o pensamento lógico e a ordenação jurídica da sociedade.

Outros, porém, eram os planos de Deus. As forças das trevas não venceriam. De fato, não venceram: a fé cristã ergueu das ruínas romanas uma nova civilização, juntando à filosofia grega e ao direito romano a sua nova mensagem, cuja base era a crença na vida eterna e a idéia do ser humano como pessoa inviolável.

Os monges provinham de todas as classes sociais: eram nobres e plebeus, operários e camponeses, cultos e analfabetos. Um grande respeito pelo estudo e pela pesquisa foi o traço distintivo da ordem beneditina, que transformou os monastérios medievais em verdadeiras ilhas de cultura, espalhadas por toda a Europa — trincheiras de uma guerra santa, em que as principais armas eram a oração, o trabalho e o estudo. A cópia perseverante de manuscritos antigos ligava o passado ao presente, impedindo que desaparecessem as lições do passado. A necessidade de sobrevivência obrigava os monges a preparar a terra e plantar, a maioria das vezes em terrenos inóspitos, levando-os a descobrir novas técnicas agrícolas. Foram pioneiros da pesquisa científica, e as escolas monásticas se transformaram em embriões das futuras universidades, fundadas pela Igreja a partir do século XII (e que, mal fundadas, já começariam a trair a sua natureza).

Mas nada disso teria ocorrido sem a força da oração, sem o contraponto da vida contemplativa, combustível espiritual que abasteceria essa grande máquina de fabricar cultura que foi a Ordem Beneditina. São Bento não tinha em mente fundar uma nova civilização, mas somente conservar os valores básicos do cristianismo, mas, ao fazer isto, criou a maior civilização da história humana: a ocidental. Jesus Cristo, através da Igreja Católica, será sempre a principal fonte das coisas boas, das coisas belas e das coisas verdadeiras.

Gustavo Corção

20 segunda-feira fev 2017

Posted by acassiodoro in Sem categoria

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Recentemente conheci três obras de Gustavo Corção, grande pensador brasileiro do século XX, talvez um dos maiores. Os livros em questão são: Dois Amores e Dois Mundos (volumes 1 e 2) e o Século do Nada. Juntamente com “A Descoberta do Outro” que já havia lido, estes livros me revelaram um pensador católico de profundidade e fecundidade abissais quando comparado com a média brasileira.

Corção revela, em vários momentos, sua admiração por pensadores como Chesterton e Jacques Maritain, luminares do pensamento católico do Século XX e que exerceram profunda influência sobre o seu pensamento.

A prosa de GC é clara, límpida e o seu raciocínio segue uma lógica impecável. Sua imaginação é fertilissima; as imagens que usa são belissímas, os exemplos apaixonantes.

Na minha adolescência, lá pelos idos de 1970, ouvi falar de Gustavo Corção e também de Alceu Amoroso Lima, talvez os dois maiores pensadores católicos do Brasil. As notícias que tinha naquela época eram carregadas de preconceitos político-ideológicos; seus nomes eram citados como sinônimos de reacionarismo e atraso político, verdadeiros porta-vozes do carolismo católico.

No caso de GC, que agora conheço melhor, vejo claramente que ele foi vítima da patrulha comunista daquela época e também da atual. Somou-se a este preconceito a campanha de combate levada a efeito pela chamada Teologia da Libertação, outro nome do movimento comunistas infiltrado no clero católico..

O Brasil, país carente de intelectuais do porte de GC, não pode continuar olvidando este grande pensador e negar a sua existência. Ao contrário, faz-se necessário recuperar a sua obra e usá-la com pedra basilar na reconstrução da identidade to pensamento católico entre nós.

As obras citadas podem ser baixadas pela internet.

(Este post foi originalmente publicado no meu Blog “Paralaxes” e, agora, republico aqui neste Blog aceitando convite do Prof. Dimas Tadeu Covas)

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